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12/11/2016 às 15h56

AS BASTIANAS

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2003

 

Com a primeira edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, em 2002, o PROJETO BORACEA da Cia. São Jorge deu início a um período de grandes transformações nos seus modos de criação. Toda a criação de “AS BASTIANAS” aconteceu de maneira aberta, em relação diária com as populações dos Albergues Municipais Canindé – Núcleo e Cidadania e Albergue Oficina Boracea. A Cia. totalmente revelada nas suas escolhas: o rodízio de funções, a adaptação da obra literária, a apropriação de diferentes linguagens artísticas no decorrer do processo criativo. O resultado foi que na linguagem gerada por esse intenso processo de troca estão impregnadas as características da caminhada: uma peça itinerante que admite e vive das interferências do espaço e das pessoas para as quais se apresenta. Linguagem que vive da desmistificação do artista, completamente revelado em seus jogos e mecanismos, num convite ao diálogo sem hierarquias. Não nega o espaço físico que a cerca, não nega a ‘existência do público’. Tem seu fundamento na realidade, tendo sido sua elaboração uma longa interlocução com ela.

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Foto Alexandre Krug

“Bastianas” – primeira parte do livro de Gero Camilo “A Macaúba da Terra”, é formada por dez capítulos que trazem contos, ‘pensamundos’, simpatias para santo e ‘filosufias’, os quais iluminam sentidos caros à nossa identidade brasileira, como a religiosidade, a cultura da terra e a cultura popular. Na peça, Bastiana anda pela aldeia vendendo amor, sabedoria e sossego nos seus pedaços de bolo de girassol. É ela quem conduz o público pelos caminhos, convidando-o a conhecer a aldeia e suas histórias. Uma estrutura fragmentada composta por quadros independentes que apresentam muitos dos aspectos de identidade: a origem miscigenada de uma aldeia, sua relação com a terra, com o amor e a morte.

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Foto Alexandre Krug

A obra de Gero Camilo, de forte cunho popular e rica de um imaginário fantástico, levou ao estudo de um universo mitológico que pudesse criar base para a adaptação e a escolha dos textos. O CANDOMBLÉ, religião afro-brasileira profundamente enraizada em nosso imaginário, abriu possibilidades para a abordagem da obra, organizando os assuntos propostos pelas histórias com expressões arquetípicas dos orixás. De acordo com esse caráter popular, a música em “AS BASTIANAS” celebra e aproxima, ritualiza e ao mesmo tempo coloquializa. A pesquisa musical de AS BASTIANAS apresentou três eixos principais: primeiro, nas canções e ritmos afro-brasileiros, sobretudo os ligados ao candomblé, mas também o samba e o maracatu; segundo, explorando-se a musicalidade do próprio texto de Gero Camilo, sua particular e inevitável sonoridade, compondo melodias singelas, de cunho popular, sobre esta prosa poética; e terceiro, incorporando-se outros elementos do cancioneiro popular / religioso que tenham relação com o universo ficcional de “AS BASTIANAS”, inclusive outras canções compostas pelo próprio Gero Camilo.

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Foto Artur Ferrão

Inicialmente realizada em albergues, “As Bastianas” foi experimentada em lugares bastante diferentes: unidade da FEBEM; antiga vila de operários; terreiro de candomblé; universidades, sempre no intuito de ampliar a troca entre artistas e público para além do mero caráter de apresentação. Nesse sentido, procurou-se fazer de cada etapa de realização do espetáculo pretextos para o reconhecimento não apenas dos espaços, mas, principalmente, das relações humanas por meio de uma constante disponibilidade à “troca” com as populações locais. O resultado disto era uma obra totalmente permeável que criava a cada instante várias sobreposições entre o encadeamento das ‘ficções’ e os movimentos naturais daquela ‘célula social’.

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Foto Alexandre Krug


Durante a retomada do repertório em 2005/2006 “As Bastianas” foi abordada principalmente no intuito de prosseguir com a pesquisa sobre um estado cênico entre o ‘ator’, o ‘narrador’ e a ‘personagem’, numa linguagem passível de absorver qualquer interferência sem perder a teatralidade.

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FICHA TÉCNICA

As Bastianas
de Gero Camilo
Direção Luís Mármora

Elenco
Ana Cristina Petta
Carlota Joaquina
Georgette Fadel
Mariana Senne
Patrícia Gifford
Paula Klein
Alexandre Krug
Marcelo Reis
Rogério Tarifa
Walter Machado

Direção Musical: Tata Fernandes
Assistência de Direção: Rogério Tarifa
Luz: João Donda
Figurino: Claudia Schapira
Costureira: Cleuza Amaro
Preparação Corporal: Tica Lemos e Eros Leme
Roteiro e Adaptação: Alexandre Krug, Marcelo Reis e Luís Mármora
Confecção Carrinho Bastiana: João Donda
Técnico de Luz: Anderson Rodrigues
Criação Visual: Sato

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